O
Partido dos Trabalhadores (PT) oficializou, neste sábado(07), a pré-candidatura
de Luiz Inácio Lula da Silva à
presidência da república. Esta será a sexta vez que o
ex-metalúrgico disputará o cargo. Lula terá como candidato a
vice-presidente o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), uma
aliança inédita que ganhou um título bem-humorado no encontro: “Lula com
Chuchu”.
Adversários em outros momentos da história política do país, tanto Lula como
Alckmin citaram o educador Paulo Freire, que dizia que é preciso unir os
divergentes, para melhor enfrentar os antagônicos.
“Queremos unir os democratas de todas as
origens e matizes, das mais variadas trajetórias políticas, de todas as classes
sociais e de todos os credos religiosos. O grave momento que o país
atravessa, um dos mais graves da nossa história, nos obriga a superar eventuais
divergências para construirmos juntos uma via alternativa à incompetência e ao
autoritarismo que nos governam”, afirmou o ex-presidente.
A pré-candidatura foi oficializada durante o ato Vamos Juntos pelo Brasil, no Expo Center Norte, na Zona Oeste de São Paulo.
Apenas Lula, Alckmin e Rosângela da Silva (Janja) discursaram. Mas contou com a
presença de diferentes lideranças dos movimentos populares, personalidades,
parlamentares e partidos políticos apoiadores da chapa, incluindo
PCdoB, PSB, Solidariedade, PSOL, PV e Rede.
Lula desponta como favorito nas pesquisas de intenção de voto e
pode retornar ao Palácio do Planalto vinte anos depois da primeira vez em que
foi eleito.
A fala, concentrada no tema da defesa da soberania nacional e da
reconstrução da democracia do país, costurou um comparativo entre as conquistas
dos anos em que o PT esteve no governo com o que tem sido
“desconstruído”, como definiu Lula, sob o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Também falou em sonhos e esperança de mudar o país.
:: Com sete partidos, Lula terá candidatura mais ampla desde 1989;
relembre alianças ::
“Nós temos um sonho. E não há força maior que a esperança de um povo que
sabe que pode voltar a ser feliz. Que pode voltar a comer bem, ter um bom
emprego, salário digno e direitos. Que pode melhorar de vida e ver os filhos
crescendo com saúde.”
Tópicos como defesa das estatais, articulação com a América Latina e defesa dos
bancos públicos tiveram destaque ao lado de assuntos como o apoio a
resistência dos povos indígenas, a denúncia do extermínio da juventude
negra, a defesa do meio ambiente, da cultura e das leis trabalhistas.
Ao defender o legado de sua passagem pela presidência, Lula lançou uma questão
para um auditório lotado de militantes vindos de diversas regiões do país:
“o Brasil terá a oportunidade de decidir que país vai ser pelos
próximos anos, e próximas gerações. O Brasil da democracia ou do autoritarismo?
Do conhecimento e tolerância ou do obscurantismo e da violência? Da educação e
cultura ou dos revólveres e fuzis?”.
Leia também: Lula aparece na capa da revista Time, que prevê “segundo ato”
na Presidência da República
Em outro momento, o ex-presidente criticou a postura conflituosa e
desrespeitosa do atual presidente da república com as vítimas da pandemia e com
as instituições. “Chega de ameaças, chega de suspeições absurdas, de
chantagens verbais, tensões artificiais. O país precisa de calma e
tranquilidade para trabalhar e vencer as dificuldades atuais. E decidirá livremente,
no momento que a lei determina, quem deve governá-lo”.
O discurso também teve espaço para críticas à condução da pandemia e a situação
do Ministério da Saúde. Além disso, o ex-presidente criticou os rumos do
Ministério da Educação, que esteve no foco de denúncias de corrupção nos
últimos meses.
“Nos nossos governos, triplicamos os investimentos em educação. Saltaram
de R$ 49 bilhões em 2002 para R$ 151 bilhões em 2015. Mas o atual governo vem
reduzindo a cada ano. O resultado é que o orçamento do MEC para 2022 é o menor
dos últimos dez anos.”
Lula também fez referência aos episódios de violência e ataques
bolsonaristas. “Não vamos ter medo de provocação, ter medo de fake news.
Nós vamos vencer essa disputa pela democracia distribuindo sorrisos, amor e
carinho”, afirmou o ex-presidente, que teve o carro cercado por meliantes bolsonaristas e manifestantes de
extrema direita, ao sair de um condomínio em Campinas (SP)
na última quinta-feira (5).
O agora oficial pré-candidato a presidente da república pelo PT concluiu o
discurso relembrando que os governos petistas fizeram uma revolução pacífica no
país e conclamou a população a reencontrar este caminho.
“Mais do que um ato político, essa é uma conclamação. Aos homens e
mulheres de todas as gerações, todas as classes, religiões, raças e regiões do
país. Para reconquistar a democracia e recuperar a soberania.”
Aliança com Alckmin
O ato também formalizou a indicação do ex-governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSB), para compor a chapa como candidato a vice-presidente. Com
covid-19, Alckmin não participou presencialmente do evento e entrou ao vivo,
por vídeo-chamada. No seu discurso, classificou esta aliança como “um
chamado à razão”.
O ex-governador definiu o atual momento como uma grande oportunidade do
Brasil reencontrar o caminho do desenvolvimento econômico, da preservação do
meio ambiente e da justiça social. Por fim, respondeu às críticas que
recebeu por esta aliança com bom-humor: “o prato da moda agora será Lula
com Chuchu”.
Por sua vez, Lula também ressaltou que esta eleição exigirá uma aliança muito
ampla com diversos espectros políticos. “Alckmin foi governador quando eu
era presidente. Fomos adversários, mas também trabalhamos juntos e mantivemos o
diálogo institucional e o respeito pela democracia”.
Chapa ampliada
No palco estavam presentes os dirigentes partidários, governadores,
ex-governadores e parlamentares das siglas que fecharam apoio à candidatura de
Lula, como PSB, PCdoB, Rede, PV, Solidariedade e PSOL. A ex-presidenta Dilma
Rousseff também esteve no ato, a quem Lula se dirigiu fazendo um
agradecimento e enaltecendo a grandeza política da aliada.
Lideranças das Centrais Sindicais, movimentos populares, intelectuais e
artistas também manifestaram apoio ao projeto Vamos
juntos pelo Brasil. Pelos estados, os
Comitês Populares de Luta, sedes dos partidos e dos movimentos populares
organizaram atividades para acompanhar a transmissão do ato de lançamento da
pré-candidatura.
“Queremos voltar para que ninguém nunca mais ouse desafiar a democracia e para que o fascismo seja devolvido ao esgoto da história de onde nunca deveria ter saído”, reforçou
ÍNTEGRA DISCURSO DE LULA – Confira abaixo o discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento do Movimento Vamos Juntos Pelo Brasil na manhã de hoje, 7, em São Paulo:
“Quero começar falando da mais importante lição que aprendi em 50 anos de vida pública, oito dos quais presidindo este país: Governar deve ser um ato de amor.
A principal virtude que um bom governante precisa ter é a capacidade de viver em sintonia com as aspirações e os sentimentos das pessoas, especialmente das que mais precisam.
Leia mais:
https://ptnacamara.org.br/site/leia-a-integra-do-discurso-de-lula-no-lancamento-do-movimento-vamos-juntos-pelo-brasil/