Diante da convocação feita às igrejas
evangélicas, por diversas lideranças, para saírem às ruas em apoio às
manifestações do próximo dia 7 de setembro, fazemos as seguintes considerações:
1. Defendemos e propagamos a liberdade de
expressão e opinião, garantidas pela Constituição Brasileira, na convicção de
que nenhum cidadão do nosso país está acima das normas constitucionais;
2. Estranhamos o lamentável fato de que pastores,
embora ensinem em suas igrejas uma eclesiologia democrático-congregacional,
expressem sua solidariedade a uma manifestação de claro apoio a iniciativas
autoritárias e pouco democráticas do atual Presidente da República;
3. Denunciamos, com perplexidade, o evidente
caráter contraditório da manifestação, uma vez que — em nome da defesa da
liberdade — faz a apologia inconstitucional do fechamento do Congresso e do
Supremo Tribunal Federal;
4. Expomos nossa desconfiança em relação a um
movimento que pretende dar salvo-conduto a um presidente que, juntamente com
seus filhos, ainda deve explicações a sérios e graves indícios de corrupção e
uso indevido de verbas de gabinete constituídas por dinheiro público — indícios
que estão sendo investigados e, por si, revelam situações que parecem desmontar
discursos hipócritas contra a corrupção;
5. Discordamos de todo e qualquer apoio acrítico
ao atual governo — bem como *à voluntária submissão ao papel de massa de
manobra que se tem visto em vários setores da sociedade, em especial no
ambiente evangélico* — tendo em vista:
a) o fracasso na condução da crise de saúde no
país como resultado da pandemia do Coronavírus;
b) o fracasso da política econômica, que se
confirma pelo aumento do desemprego, da fome e da miséria, bem como de outras
diversas maneiras, inclusive no crescente abandono do país por multinacionais
muito conhecidas e aqui presentes há várias décadas;
c) o fracasso no controle inflacionário,
resultando no absurdo e crescente aumento de preços, cujos mais notórios são
dos alimentos, gás de cozinha e combustíveis, situação que deixa ainda mais
vulneráveis aqueles que, de alguma forma, já se encontram prejudicados pela
pandemia;
d) o fracasso no prometido combate à política
predatória do chamado Centrão, cujo maior representante está hoje assentado num
dos gabinetes do Palácio do Planalto, na qualidade de Ministro da Casa Civil;
e) o fracasso na estabilização política;
f) o fracasso nas políticas educacionais;
g) o fracasso no plano de prevenção à crise
hídrica e de energia elétrica que, depois de claros sinais, agora se avizinha.
6. Afirmamos com ênfase que a convocação para tal
manifestação pública, embora exiba como fachada a defesa da liberdade e da
democracia, *na verdade se revela como astuta tentativa do atual governo de
provocar rupturas institucionais e criar ambiente favorável a instalação de um
governo autoritário e personalista.*
Sendo assim, conclamamos aos irmãos e irmãs,
especialmente aos batistas que sempre defenderam princípios de verdadeira
democracia e separação entre Igreja e Estado, a não comparecerem às ruas na próxima
terça-feira, dia 7 de setembro, aproveitando melhor o seu tempo com outras
atividades mais recompensadoras e que, ao fim e ao cabo, demonstrem o autêntico
respeito que temos pelo Dia da Independência.
MOVIMENTO BATISTAS POR PRINCÍPIOS
https://www.batistasporprincipios.com.br/2021/09/03/nota-desconvite-ao-07-09/