16 de novembro de 2022
“Se não reduzirmos o enorme fosso entre os que têm e os que não têm, estaremos construindo um mundo com mais tensões, desconfiança, crises e conflitos”, diz secretário-geral da ONU
A população mundial deve chegar a 8 bilhões nesta terça-feira (15), de acordo com a Organização das Nações Unidas. O secretário-geral, António Guterres, considera que atingir o marco é uma prova de avanços científicos e melhorias em questões como nutrição, saúde pública e saneamento. No entanto, o líder da ONU adverte, em artigo, que, à medida que a família humana cresce, também está ficando mais dividida.
“Bilhões de pessoas estão em dificuldades; centenas de milhões passam fome ou estão até subnutridas. Um número recorde de pessoas procura oportunidades, o alívio de dívidas e de dificuldades, das guerras e dos desastres climáticos”, afirma Guterres. “Se não reduzirmos o enorme fosso entre os que têm e os que não têm, construiremos um mundo de 8 bilhões repleto de tensões, desconfiança, crises e conflitos.” O secretário-geral alerta que a desigualdade faz com que um pequeno grupo de bilionários possua a mesma riqueza que a metade mais pobre da população mundial.
OS QUE ESTÃO ENTRE OS 1% MAIS RICOS DO MUNDO DETÊM UM QUINTO DO RENDIMENTO MUNDIAL. AS PESSOAS NOS PAÍSES MAIS RICOS PODEM VIVER ATÉ 30 ANOS A MAIS DO QUE NOS PAÍSES MAIS POBRES. À MEDIDA QUE O MUNDO SE TORNOU MAIS RICO E SAUDÁVEL NAS ÚLTIMAS DÉCADAS, ESSAS DESIGUALDADES TAMBÉM SE AGRAVARAM
Números recordes
O chefe das Nações Unidas aponta a existência de bilhões de pessoas em dificuldades e centenas de milhões com fome. Além disso, ele cita números recordes de habitantes do planeta fugindo de casa em busca de ajuda. E também questões como “dívidas, dificuldades, guerras e desastres climáticos”.
De acordo com a ONU, a população global levou 12 anos para crescer de 7 para 8 bilhões. Mas chegará a 9 bilhões em cerca de 15 anos, em 2037. O Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), promove a campanha #8BillionStrong no qual os usuários compartilham material de educação sobre oito tendências para um mundo de 8 bilhões de pessoas.
“É preciso ter uma perspectiva de direitos humanos quando se pensa em adaptações no planeta às alterações climáticas”, diz a diretora do Unfpa, Mônica Ferro.
“O MUNDO TEM DE RECONHECER QUE ESTE É UM MOMENTO PARA SE INVESTIR NA PESSOAS. PORQUE ESSE NÚMEROS SÃO PESSOAS. AO DARMOS UM ‘ZOOM’ NESSES NÚMEROS, TEMOS QUE TER NESSE ‘ZOOM’ A QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS, O QUE OS PAÍSES PRECISAM FAZER QUE O MUNDO TENHA 8 BILHÕES DE PESSOAS QUE POSSAM VIVER COM DIGNIDADE. E NÓS SABEMOS O QUE É PRECISO FAZER.”
Distribuição geográfica da população de 8 bilhões
A agência da ONU apontou que, à medida que as regiões crescem em ritmos diferentes, a distribuição geográfica da população global está mudando.
A partir deste ano, mais da metade da população mundial viverá na Ásia, com a Índia e a China representando a maior parte dos habitantes no leste e sudeste da Ásia, onde se concentram 2,3 bilhões de pessoas.
Como os países com os mais altos níveis de fecundidade tendem a ter a menor renda per capita, o crescimento da população global se concentrou nos países mais pobres do mundo.
O aumento populacional amplia o impacto ambiental do desenvolvimento econômico, com o aumento da renda per capita impulsionando a produção e o consumo insustentáveis. O ritmo de crescimento mais lento ao longo de décadas pode ajudar a mitigar os danos ambientais na segunda metade do século atual.
“Espero que a COP27 resulte em um Pacto de Solidariedade Climática histórico. Para que as economias desenvolvidas e emergentes se unam em torno de uma estratégia comum. E combinem as suas capacidades e recursos para o benefício da humanidade”, diz Guterres.
“OS PAÍSES MAIS RICOS DEVEM DAR APOIO FINANCEIRO E TÉCNICO ÀS PRINCIPAIS ECONOMIAS EMERGENTES PARA A TRANSIÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS. ESTA É A NOSSA ÚNICA ESPERANÇA PARA CUMPRIR AS NOSSAS METAS CLIMÁTICAS.”
O secretário-geral considera também a Cúpula do G20, que se reúne nesta terça na Indonésia, oportunidade para se discuitr a situação dos países em desenvolvimento. Sobretudo do hemisfério sul. “Pedi às economias do G20 que adotem um pacote de estímulos que proporcionará aos governos do sul global investimentos e liquidez, e ajudará a aliviar e a reestruturar as suas dívidas.”
Fonte: Rede Brasil Atual