Por Chico Alves (UOL)
A campanha que Jair Bolsonaro empreendeu durante
quatro anos para desacreditar o processo eleitoral brasileiro é o combustível
que moveu manifestantes as rodovias e as portas dos quartéis para contestar o
resultado da eleição vencida por Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente atual
não mostrou uma prova ou indício de fraude sequer contra a urna eletrônica, mas
semeou a dúvida nas mentes mais frágeis. Todo prejuízo material ou violência
física decorrente desse movimento golpista deve ser, portanto, cobrado de
Bolsonaro.
Sua mais recente contribuição ao caos aconteceu na
sexta-feira (9), quando quebrou o silêncio que durava desde o segundo turno da
eleição. Falando a apoiadores, à frente do Palácio da Alvorada, o atual
presidente botou lenha na fogueira: “Nada está perdido. O final, somente
com a morte. Quem decide meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide
para onde vão as
Forças Armadas são vocês”.
Estava claramente insuflando a turba a continuar
reivindicando
ruptura institucional. Naquela ocasião, disse
também aos bolsonaristas que não deveriam esperar que ele desse a senha para a
ação.
“Não é “eu que autorizo”, não, é “o que eu posso
fazer pela minha pátria”. Não é jogar a responsabilidade para uma pessoa.
Assim, de forma covarde, Bolsonaro sugeriu que os
sequidores tomassem a iniciativa por si próprios, sem esperar por uma ordem
sua. Talvez imaginasse que isso tiraria de seus ombros a culpa pelo que venha a
acontecer. Não adiantou. Todas as consequências do terrorismo da turba radical
tem que ser cobrado de Bolsonaro.
A baderna de ontem à noite, que transformou o
centro de Brasília em palco de batalha campal, tem o dedo do presidente da
República.
Pelo menos cinco ônibus e dez carros de passeio
foram queimados porque manifestantes queriam resgatar um cacique bolsonarista.
Há vários dias, o homem provoca os agentes da lei do Distrito Federal, à frente
de um grupo golpista. O indígena é apoiador e interlocutor do presidente.
Fonte: UOL