Foto: Adriano Machado/Reuters
Tom Phillips em Brasília
Fonte: The Guardian
Presidente promete investigação minuciosa e diz que ‘muita gente foi cúmplice… a verdade é que o palácio estava cheio de bolsonaristas’
Lula fala a jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília, na quinta-feira. Ele disse: ‘Sinto muita, muita, muita raiva do que aconteceu.’
Quinta-feira, 12 de janeiro de 2023 15h41 GMT
O líder brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse suspeitar que apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro entre a equipe presidencial facilitaram a entrada de insurgentes que invadiram seu palácio presidencial buscando derrubar o governo do Brasil.
Falando a um grupo de jornalistas políticos no palácio do Planalto, em Brasília – um dos três prédios destruídos pela multidão pró-Bolsonaro no último domingo – Lula prometeu realizar uma “triagem completa” dos funcionários após o ataque histórico.
“Estou esperando a poeira baixar. Quero ver todas as fitas [de segurança] que foram gravadas dentro do STF, do Congresso e do Palácio do Planalto”, disse Lula na manhã desta quinta-feira.
“Mas muita gente foi cúmplice disso… muita gente da polícia militar foi cúmplice. Havia muitas pessoas nas forças armadas aqui dentro [do palácio] que eram cúmplices”, acrescentou o veterano de esquerda, enquanto um guarda-costas carregando uma tela flexível à prova de balas vadiava atrás dele.
“Estamos a fazer uma criteriosa triagem [dos nossos quadros] porque a verdade é que o palácio [presidencial] estava cheio de bolsonaristas e militares e queremos tentar corrigir isso para podermos nomear funcionários de carreira – preferencialmente civis… para que este se torne um departamento civilizado.
“Ninguém que seja suspeito de ser bolsonarista radical pode permanecer no palácio.
“Como posso ter alguém na porta do meu escritório que pode atirar em mim?” Lula acrescentou, apontando para relatos da mídia que ele disse ter lido sobre oficiais militares prometendo assassiná-lo.
Brasil: como exatamente se desenrolou o assalto a prédios do governo – linha do tempo do vídeo
A facilidade com que milhares de apoiadores fanáticos do ex-líder de extrema-direita do Brasil saquearam as instituições democráticas mais importantes do país chocou a nação e o mundo, e provocou profunda reflexão entre os membros do governo de 12 dias de Lula.
“Sinto muita, muita, muita raiva pelo que aconteceu”, disse Lula a jornalistas durante o café da manhã no palácio que ocupou anteriormente entre 2003 e 2010.
“Tenho convicção de que a porta do palácio do Planalto foi aberta para essas pessoas entrarem porque não vi a porta da frente arrombada. E isso significa que alguém facilitou a entrada deles aqui”, disse Lula.
O presidente do Brasil acrescentou: “O que aconteceu foi um alerta, um grande alerta, e devemos ter mais cuidado. Precisamos entender que ganhamos uma eleição e vencemos o Bolsonaro mas o bolsonarismo ainda está por aí. E o bolsonarismo fanático é muito traiçoeiro porque não respeita ninguém.”
Os temores sobre uma nova rodada de protestos pró-Bolsonaro deram em nada na noite de quarta-feira, após uma mobilização massiva de forças de segurança em torno do palácio, do congresso e da suprema corte. Apenas duas ou três pessoas teriam comparecido.
“Precisamos estar atentos, mas não com medo”, sobre a perspectiva de futuros episódios de violência, disse Lula.
Por dentro do golpe fracassado no Brasil: 'Isso não é patriotismo, isso é vandalismo' – vídeo
Enquanto Lula falava, novos detalhes perturbadores do que ele chamou de “estupidez” do último domingo – e a impressionante falha de segurança que não conseguiu contê-la – surgiram na imprensa brasileira.
O jornal O Globo noticiou que os policiais responsáveis pela proteção do prédio do Senado – que sofreu graves danos – prestaram depoimentos descrevendo como foram dominado por uma horda de radicais armados com bombas caseiras, cassetetes de madeira, grades de metal, bombinhas e estilingues usados para atirar bolinhas de gude.
Outro jornal, o Estado de São Paulo, afirmava que, às vésperas da insurreição, o órgão responsável pela segurança presidencial havia rejeitado a necessidade de reforços do batalhão do Exército encarregado de defender o Palácio do Planalto. Na ausência deles, o prédio foi destruído, com o escritório da primeira-dama do Brasil, Rosângela Lula da Silva, sofrendo danos particularmente graves.
Um vídeo obtido pelo New York Times mostrou o momento exato, às 14h42 de domingo, em que uma linha esmagadoramente menor de policiais militares foi engolfada por centenas de extremistas bolsonaristas, que derrubaram sua barreira de plástico e avançaram em direção ao palácio de Lula.
Lá dentro, eles descontrolaram-se, vandalizando obras de arte célebres, quebrando janelas, móveis e portas, roubando armas e comida, e até urinando dentro da sala usada pelos jornalistas que cobrem a presidência.
Na quinta-feira, Lula disse a repórteres que acreditava que os golpistas só haviam poupado seu cargo porque acreditavam que Bolsonaro o reocuparia assim que a suposta tentativa de golpe fosse concluída, permitindo que o ex-presidente voltasse dos EUA para retomar o poder.
Lula condenou as imagens que surgiram do comportamento dos manifestantes durante seu ataque histórico. “Não sei se vocês viram as fotos desse camarada defecando [em um dos prédios saqueados]”, disse Lula.
“Esse tipo de sujeito não pode ficar impune. Se ele tem uma neta, devemos mostrá-los a ela e dizer: ‘Olha que canalha é o seu avô’.”
Mais de 1.800 pessoas teriam sido presas em Brasília após o ataque, 1.159 das quais permanecem sob custódia. Seiscentos e noventa e quatro detidos, na sua maioria mulheres, crianças e idosos, foram libertados.
Por dentro do golpe fracassado no Brasil: 'Isso não é patriotismo, isso é vandalismo' – vídeo
Enquanto Lula falava, novos detalhes perturbadores do que ele chamou de “estupidez” do último domingo – e a impressionante falha de segurança que não conseguiu contê-la – surgiram na imprensa brasileira.
O jornal O Globo noticiou que os policiais responsáveis pela proteção do prédio do Senado – que sofreu graves danos – prestaram depoimentos descrevendo como foram dominado por uma horda de radicais armados com bombas caseiras, cassetetes de madeira, grades de metal, bombinhas e estilingues usados para atirar bolinhas de gude.
Outro jornal, o Estado de São Paulo, afirmava que, às vésperas da insurreição, o órgão responsável pela segurança presidencial havia rejeitado a necessidade de reforços do batalhão do Exército encarregado de defender o Palácio do Planalto. Na ausência deles, o prédio foi destruído, com o escritório da primeira-dama do Brasil, Rosângela Lula da Silva, sofrendo danos particularmente graves.
Um vídeo obtido pelo New York Times mostrou o momento exato, às 14h42 de domingo, em que uma linha esmagadoramente menor de policiais militares foi engolfada por centenas de extremistas bolsonaristas, que derrubaram sua barreira de plástico e avançaram em direção ao palácio de Lula.
Lá dentro, eles descontrolaram-se, vandalizando obras de arte célebres, quebrando janelas, móveis e portas, roubando armas e comida, e até urinando dentro da sala usada pelos jornalistas que cobrem a presidência.
Na quinta-feira, Lula disse a repórteres que acreditava que os golpistas só haviam poupado seu cargo porque acreditavam que Bolsonaro o reocuparia assim que a suposta tentativa de golpe fosse concluída, permitindo que o ex-presidente voltasse dos EUA para retomar o poder.
Lula condenou as imagens que surgiram do comportamento dos manifestantes durante seu ataque histórico. “Não sei se vocês viram as fotos desse camarada defecando [em um dos prédios saqueados]”, disse Lula.
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