Se for confirmada a origem criminosa dos incêndios que se espalham pelo país, o Brasil volta a ser alvo de um novo e orquestrado atentado golpista, com foco no 7 de setembro – Dia da Independência do Brasil, pela mesma extrema direita que tentou um golpe em 8 de janeiro.

Por MPA e e colaboração do MST

Há muitas coisas estranhas nessas queimadas no Brasil, país sede do encontro do G20 e da COP 30, o maior evento climático da ONU, especialmente na Amazônia, no Pantanal, no Goiás e em São Paulo, levando à prisão em flagrante de pessoas nas cidades de Rio Preto (SP), Batatais (SP), Porto Ferreira (SP) e em Goiás. Elas portavam gasolina e estavam ateando fogo de forma criminosa, em uma ação coordenada, e estão sendo investigadas pela polícia.

Em visita à Sala de Monitoramento de Queimadas e Incêndios Florestais do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, na manhã de domingo (25), juntamente com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o presidente Lula afirmou: “Até agora não conseguimos identificar nenhum incêndio provocado por raio em São Paulo e outros lugares. Isso significa que tem gente botando fogo”.

Ainda na reunião com Lula, o presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, afirmou que não há, até agora, nenhum incêndio detectado por causas naturais. Significa que tem gente colocando fogo de maneira ilegal, uma vez que todos os estados do país já estão avisados e proibiram uso de fogo de manejo. 

A polícia federal está investigando se todos os incêndios foram criminosos. E há vários vídeos nas redes sociais que lembram os episódios da tentativa do golpe de 8 de janeiro de 2023, com produção de provas dos crimes na Praça dos Três Poderes produzidas pelos próprios autores dos delitos.

Entre 15 e 22 de agosto, o mercenário da fé Silas Malafaia e outros golpistas bolsonaristas postaram vídeos afirmando: o “Brasil vai pegar fogo” e “Vai ser quente demais”. Logo a seguir uma onda de incêndios no interior de São Paulo deixou 48 cidades em estado de alerta pelas queimadas. Os fogos, que começaram na sexta-feira (23/8), já provocaram duas mortes. Com hora marcada, o fogo se espalhou por todos os lados, de forma planejada, em mais de 200 cidades. 

As nuvens densas e cinzas de fumaça se espalharam por todo o céu do estado de São Paulo e os ventos a levaram até Brasília, onde ficou impossível enxergar a Torre de TV e o Congresso Nacional, no domingo (25) e na segunda (26).

Se for confirmada a origem criminosa dos incêndios que se espalham pelo país, o Brasil volta a ser alvo de um novo e orquestrado atentado golpista, com foco no 7 de setembro – Dia da Independência do Brasil.

As queimadas refletem diretamente os crimes ambientais cometidos pelo modelo do agronegócio, que se beneficia economicamente da exploração da natureza, causando uma diversidade de crimes contra ela, crimes esses que são socializados e sentidos primeira e intensamente pela classe trabalhadora. 

O veneno na fumaça é nocivo à população e ao Sistema Único de Saúde, causando poluição extrema no ar com milhões de pessoas afetadas, podendo causar sérios problemas respiratórios e cardiovasculares. 

Tanto é que o governador de São Paulo decretou emergência de 180 dias nas cidades paulistas atingidas pelo fogo e a Secretaria de Saúde do Distrito Federal divulgou alerta, aconselhando várias medidas a serem adotadas pelos moradores da capital do país.

O agronegócio é a forma de produção capitalista no campo que se sustenta pela concentração fundiária, contaminação química com uso indiscriminado de agrotóxicos, degradação da mão-de-obra da classe trabalhadora e uso exploração dos bens comuns da natureza.

As queimadas, o desmatamento e a poluição dos rios e igarapés pelas mineradoras e garimpeiros são sócios na destruição da natureza, que se beneficiam diretamente de recursos públicos oriundos de políticas públicas em detrimento de políticas públicas que atuem no desenvolvimento da agricultura familiar e produção de alimentos saudáveis para alcançar a Soberania e a Segurança Alimentar.

A saídas para a superação do modo de produção capitalista perpassa diretamente por um projeto popular de uso e ocupação da terra, que se dará através de um amplo processo de Reforma Agrária Popular, destinando os latifúndios improdutivos e que cometem crimes ambientais para trabalhadores e trabalhadores sem terra e pequenos agricultores que podem adotar outro modo de relação com a natureza, a partir das técnicas e pressupostos da agroecologia.

Para isso, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) se soma aos que lutam para sensibilizar a sociedade de que o Estado tem papel central na transformação do espaço agrário, arrecadando essas terras para a realização de assentamentos rurais, bem como para pressionar o governo a avançar na demarcação e garantia dos território indígenas e dos demais povos tradicionais e na aprovação de uma lei de redução do uso de agrotóxicos.

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