Por Marcelo Godoy no Facebook
A imprensa brasileira é muito engraçada. Já
reparou que quando falam de ricos, se é americano é “bilionário”; se é russo, é
“oligarca”?
Olha como é divertido: o governo dos EUA é sempre
chamado de “administração”, o governo da China é o “regime”. Nas guerras é, no
mínimo, curioso: o Hamas “assassina, executa os reféns prisioneiros”, mas
Israel “elimina terroristas capturados”. Pela mesma lógica, a Rússia quer
“invadir”, mas os EUA e Israel pretendem apenas “anexar”.
Se estão falando da autoridade máxima do Irã ou da
Venezuela, é “Ditador”. Mas quanto a países sem eleições como na Arábia Saudita
ou na Ucrânia, são “líderes” e “Presidentes”. Muito estranho, né? Se a inflação
na argentina foi de 200% em 2004, está sob controle. Aqui, a 5%, pronto:
“disparou!” Se os cafeicultores e donos de granjas resolvem dirigir as vendas
de seus produtos para o mercado externo e faturar café e ovo em dólar, o Lula
“desabasteceu” o país! Se ele proíbe a jogada, é “intervencionista”.
O Guedes apenas “superou o teto de gastos”, mas o
Haddad opera sempre uma “gastança” que “compromete o controle do Déficit
Público”. Lula não cobra imposto, lula “taxa!”. Com Lula o dólar não sobe, com
Lula o dólar “explode”, a bolsa não recua, ela sempre “despenca”. Os
governadores da oposição não aumentam a dívida nem cortam serviços essenciais,
muito menos entregam patrimônio público… não: eles “enxugam a máquina”.
Pudera: a ultrafinanceirização da economia
desmontando o Estado e com ele todas as garantias sociais é chamada de
“responsabilidade fiscal”. É assim que a banda da mídia toca, e a tal
Duailib é apenas o Sardemberg da vez, hipnotizando a turba de esfarrapados.
Dilma era “descontrolada”, “mão de ferro”. Temer
era “firme”.
A linguagem é tudo quando queremos colonizar uma
nação. Tudo.