Por Kelly Jenyfer – @kellyjenyferjornalista

Transmitido ao vivo na terça-feira (18/03), o programa Letras & Livros ancorado pelo escritor e jornalista Pedro César Batista, contou com a presença de Murilo Grossi para um bate-papo sobre suas atividades culturais e a importância da arte e da cultura para a sociedade. Murilo Grossi é ator, locutor, produtor, diretor e músico.

Nascido em Brasília, Grossi atuou em mais de 50 filmes nacionais, incluindo longas e curtas-metragens, além de peças de teatro consagradas e dezenas de novelas, bem como locuções para rádio e TV. “Eu tenho o privilégio de ter vivenciado o início da década de 80 em Brasília na minha adolescência. Foi nessa época que comecei a fazer teatro e a trabalhar na área. Estudei também no Rio de Janeiro e em São Paulo”, compartilha.

O produtor e músico Murilo Grossi ressalta que, atualmente, vivemos em um cenário absolutamente virtual que sofreu uma individualização do ser. O apresentador Pedro Batista complementa, dizendo que a literatura proporciona encantamento e descobertas, mas estamos vivendo um tempo em que tudo é instantâneo, o que desconstrói cada vez mais as relações. “É uma hiper-individualização que leva ao hiper-narcisismo e à hiper-depressão. Minha geração teve o privilégio de viver toda essa transição tecnológica e do modo produtivo como um todo”, menciona Grossi.

Dos 80 filmes produzidos por Murilo, muitos permitem uma reflexão histórica. O convidado destaca, em relação à realidade de hoje, o filme Batismo de Sangue. “Ele narra a história do Frei Tito, e eu interpreto um personagem pavoroso que realmente existiu e que foi um bárbaro torturador. Esse filme é atemporal porque o Brasil continua sendo isso”, afirma.

O ator pontua que as pessoas reproduzem a ideia do colonizador, que coloca o outro abaixo de si. Ele afirma que um país que foi colonizado dificilmente deixa de se auto colonizar. “Qualquer policial se sente no direito de torturar, qualquer homem se sente no direito de torturar uma mulher, e qualquer homem branco se sente no direito de torturar um negro. Isso faz parte do inconsciente coletivo brasileiro”, diz.

Grossi afirma que a sensação é a de que estamos vivendo uma grande crise. “Precisamos insistir em refletir, pois, como é um processo narcísico de profunda individualização, isso gera um quadro depressivo e esse é o grande mal do século, segundo a OMS. O aumento do número de casos de depressão e de transtornos psíquicos entre os jovens é absolutamente assustador”, lamenta.

O ator e produtor conclui que não adianta acreditar que teremos a habilidade de dominar as redes e a inteligência artificial, pois, segundo o convidado da edição, quem detém esse modo de produção são as big techs, que estão alinhadas com o fascismo mundial. “O que precisamos fazer é voltar às bases do diálogo e ao contato direto, privilegiando as relações verdadeiras e a reflexão sobre o ser humano para recuperar o espírito humanitário e coletivo”, reforça.

Acompanhe esse bate papo na íntegra: 

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