Kiko Nogueira – DCM – (1 de junho de 2025)
Na foto, o terrorista bolsonarista George Washington de Sousa no Senado. Ele era assessor da senadora Damares.
É absolutamente inconcebível que alguém como George Washington de Sousa, mentor de um ataque a bomba no aeroporto de Brasília, esteja praticamente livre de todas as acusações e seja tratado com tamanha impunidade.
É urgente a investigação da rede de apoio que permite que o terrorista siga vivendo como se nada tivesse acontecido.
George Washington, preso em dezembro de 2022, confessou ser responsável pela confecção de uma bomba que foi colocada em um caminhão-tanque com 60 mil litros de querosene próximo ao aeroporto da capital. Se o dispositivo tivesse explodido, o número de vítimas fatais seria altíssimo.
Chegou a ser condenado em 2023 a nove anos e oito meses pelos crimes de explosão e porte ilegal de arma. Descobriu-se que ele escreveu uma carta a Jair Bolsonaro, em nome de quem agiu: “Exmo Sr. Presidente JAIR MESSIAS BOLSONARO. Serei breve e direto, Meu nome GEORGE WASHINGTON DE OLIVEIRA SOUSA; O sr. despertou esse Espírito em nós, o Sr. sabe muito bem disso!. Sr. Presidente, onde o Sr. saltar em pé eu salto de cabeça!”
Interrogado, declarou que queria “aguardar o acionamento das Forças Armadas para pegar em armas e derrubar o comunismo”.
Em fevereiro deste ano, já tinha migrado do regime semiaberto para o aberto por decisão do juiz Bruno Aielo Macacari. O magistrado entendeu que Sousa cumpriu os requisitos para a mudança de regime por não ter cometido falhas disciplinares no período em que esteve em cana.
Conta a Veja que, nas saídas temporárias, ele falava que não conhecia ninguém na capital federal e teve de dar um endereço fixo para garantir o benefício.
Uma aposentada de 74 anos, que alegou não saber quem era o sujeito, se dispôs a abrigá-lo em sua casa na cidade de Candangolândia, a 20 quilômetros do centro de Brasília. Uma boa samaritana.
Ela garantiu que os dois apenas se conheciam através das redes sociais e de amigos em comum, e um deles lhe pediu o acolhimento do bandido. Segundo as autoridades, a mulher falou que o abrigaria mesmo sem ter informações sobre a vida dele, como seu estado civil, escolaridade, se usava drogas ou bebida.
Não é só isso. Em outubro de 2024, George Washington recebeu proposta de emprego em um laboratório médico, com a justificativa de ser parte de um processo de reintegração social. A ideia de que alguém que planejou um atentado terrorista e tem um histórico de envolvimento com o bolsonarismo seja tratado com tanto cuidado e consideração é sintomática.
“Ao justificar a oferta, a empresária disse que o objetivo era ajudar o retorno de George Washington ao convívio social e ressaltou que a empresa estaria engajada na ressocialização de presos. Com oito funcionários, o homem que planejou o ataque a bomba seria o primeiro contratado nesta condição”, relata a Veja. Direitos humanos para humanos direitos.
A questão é: quem está por trás de todo esse apoio a George Washington? Quem são as pessoas que estão protegendo esse homem, que se preparou para matar inocentes em nome de uma agenda política extremista?
Essas pessoas devem ser identificadas e investigadas, para que se possa entender até onde vão os tentáculos da gangue que tentou dar um golpe de estado no país — que ainda não terminou.
George Washington tem viagem marcada no dia 2 de junho para o Pará. Duas semanas, autorizadas pela Justiça, para tratar de “assuntos profissionais”. O mínimo que se espera é que ele seja devidamente monitorado para evitar surpresas como aquela ocasião em que seu mito foi parar na embaixada da Hungria para comer um goulash.
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.