O Vaticano publicou nota no início desta manhã informando a morte do Papa Francisco, aos 88 anos. O anúncio foi dado diretamente da Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, pelo cardeal Kevin Joseph Farrell, Camerlengo da Câmara Apostólica:
“Às 7h35 desta manhã (2h35 no Brasil), o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja”. “Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”, afirmou Farrell na publicação, compartilhada no site VaticanNews.
Durante a celebração do Domingo de Páscoa, realizada ontem (20), o Pontífice apareceu na sacada da Basílica de São Pedro para a mensagem Urbi et Orbi, deixando suas últimas palavras para a Igreja e o mundo. Francisco, acenou ao público e desejou uma “feliz Páscoa” a todos os fiéis que acompanhavam a cerimônia. Logo após, ele passou a palavra para Mons. Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, ler seu discurso, onde deixou um apelo para que cessem as guerras, de modo especial no território de Gaza.
Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, na Argentina, em 17 de dezembro de 1936. Tornou-se arcebispo de Buenos Aires em 28 de fevereiro de 1998 e foi elevado ao cardinalato em 21 de fevereiro de 2001 — véspera da festa da Cátedra de São Pedro — com o título de Cardeal-presbítero de São Roberto Belarmino, por São João Paulo II. Foi eleito papa em 13 de março de 2013, escolhendo o nome de Francisco (Franciscus) com o qual orientou a igreja Católica durante o seu papado que encerrou nesta segunda-feira (21).
No que tange aos movimentos sociais, Francisco foi o Papa que esteve mais próximo das lutas do povo simples, lembrando que o Cristianismo não iniciou nas suntuosas catedrais e sim na simplicidade dos espaços periféricos. “Terra, teto e trabalho – isso pelo qual vocês lutam – são direitos sagrados. Reivindicar isso não é nada raro, é a doutrina social da Igreja” afirmou nos encontros com os movimentos, realizados em Roma e na Bolívia. Desde 2014 até hoje, o Papa Francisco nunca deixou de fazer sentir a sua proximidade aos movimentos populares, apoiando e incentivando o seu trabalho em nome da dignidade humana, da justiça social, do desenvolvimento dos mais pobres e dos descartados.
“A globalização da esperança que nasce do povo e cresce entre os pobres deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença!”, afirmou. Propôs à sociedade “três grandes tarefas que requerem o apoio decisivo de todos os movimentos populares: colocar a economia ao serviço do povo, uni-los no caminho da paz e da justiça e defender a Mãe Terra”. Frei Sérgio Görgen, dirigente do MPA afirma que “Francisco foi um Papa que marcou pela simplicidade, pela autenticidade na vivência do Evangelho e pela visão de futuro nos temas ambientais e no modo de ser da Igreja”. Acrescentou ainda que “os impactos de sua passagem se prolongarão pelos próximos anos.”
Presidente da CNBB exalta legado e espera continuidade
O Cardeal Dom Jaime Spengler, bispo de Porto Alegre e presidente da Conferência nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), afirmou em entrevista a uma emissora de Rádio na manhã dessa segunda (21), que a notícia do falecimento do Papa surpreendeu a igreja.
Questionado quanto ao legado que Francisco deixa, Spengler relembra que nas palavras de Francisco sempre estava presente a alegria: “A alegria do evangelho, da verdade e do amor”. Para ele os documentos publicados por Francisco são célebres e seguirão fazendo história. Alguns citados pelo Cardeal de Porto Alegre são a encíclica Laudato Si’ (sobre o cuidado com a casa comum), a encíclica Fratelli tutti (sobre a fraternidade e a amizade social), a encíclica Dilexit Nos (Sobre o amor humano e divino do coração de Jesus), bem como a exortações apostólicas Evangelii Gaudium (sobre a alegria do Evangelho) e Christus Vivit (dirigida aos jovens).
Comentando sobre a aparição pública de Francisco na celebração do domingo de Páscoa e o gesto executado em passar em meio ao público utilizando o “papamóvel”, Dom Jaime sintetizou como era Francisco: “Um homem apaixonado pelo seu povo, desejosos de estar próximo desse povo, um homem do evangelho. Essa participação no domingo de Páscoa foi uma espécie de despedida desse povo o qual ele amou e dedicou toda a vida”.
A respeito do Conclave vindouro, que deverá escolher o novo Papa, Cardeal Spengler disse que é difícil prever qualquer indicativo. “Desejaria sim e faço votos que quem vier a ser escolhido seja capaz de levar adiante esse processo que o Papa Francisco conduziu até aqui, especialmente por meio da celebração do último sínodo, que envolveu a Igreja em todos os continentes. Espero, faço votos e rezo que quem seja escolhido alguém que possa dar continuidade a esse itinerário magnífico conduzido por Francisco”.
Assista ao pronunciamento do Camerlengo no Instagram:
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