Presença de Lula em Moscou não representa apoio a disputas contemporâneas, mas a valorização de um legado universal: o triunfo da liberdade sobre o nazismo
Fonte: Brasil 247
A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Moscou para as celebrações dos 80 anos da vitória sobre o nazismo foi um ato de coragem política, soberania e firme compromisso com os valores humanistas que devem guiar as relações internacionais. Em um momento em que o mundo vive tentativas de reescrever a história, o gesto brasileiro demonstrou independência e respeito pela memória de todos, inclusive a Força Expedicionária Brasileira, que derrotaram Adolf Hitler e o regime nazista, responsável por alguns dos crimes mais bárbaros da humanidade.
A vitória de 1945 não foi apenas uma conquista militar, mas um marco civilizatório que definiu o mundo pós-guerra. A União Soviética, com imensos sacrifícios, foi protagonista nessa luta, e negar esse fato é distorcer a realidade histórica.
Ao participar das comemorações em Moscou, Lula não apenas homenageou os milhões de soviéticos que morreram na Segunda Guerra Mundial, mas também reafirmou o princípio de que a diplomacia deve ser construída sobre a verdade e a justiça, não sobre pressões geopolíticas momentâneas.
Vale notar que a presença de Lula em Moscou se dá a despeito da histeria russofóbica que se agravou em áreas do Ocidente desde a operação militar na Ucrânia.
Alguns setores tentam criticar o gesto do presidente brasileiro, como se estivesse endossando conflitos atuais. No entanto, a presença em Moscou não representa apoio a disputas contemporâneas, mas a valorização de um legado universal: o triunfo da liberdade sobre o nazismo. O Brasil, como nação soberana, tem o direito de manter relações com todos os países, sem se submeter a alinhamentos automáticos. Essa atitude fortalece a autonomia nacional e posiciona o país como um ator global capaz de dialogar com múltiplos lados em busca da paz.
Que Lula tenha se aproveitado de espaços que se abriram nas circunstâncias geopolíticas não diminui em nada, antes ressalta a raridade, importância e argúcia do seu gesto.
A Rússia, além de parceira estratégica, é fundadora dos BRICS ao lado do Brasil, da Índia, da China e da África do Sul. A viagem de Lula, por sinal, também inclui visita à China, onde o presidente Xi Jinping deverá receber o chefe de Estado brasileiro para novas conversas em que estão em jogo interesses políticos e comerciais do Brasil.
Ao comparecer ao desfile em Moscou, Lula enviou uma mensagem clara: o Brasil não aceita revisionismos históricos e está do lado daqueles que lutaram pela democracia e contra a opressão nazista. Essa é uma posição que honra a tradição diplomática brasileira e reafirma o compromisso com a cooperação entre os povos. Longe de ser um erro, como alguns insistem em afirmar, foi uma demonstração de lucidez e respeito pelos ensinamentos da história. O mundo esteve por um fio na Segunda Guerra. Graças aos imensos sacrifícios dos soviéticos, que perderam 27 milhões de vidas, a ameaça foi derrotada. Agora, infelizmente, o perigo ronda por meio do ressurgimento do neonazismo e seus seguidores.
Em tempos de discursos inflamados e manipulações geopolíticas, o presidente Lula demonstrou que o Brasil está disposto a defender a verdade histórica e agir com independência. Essa é a posição de uma nação madura, que honra o que importa no passado enquanto trabalha por um futuro de paz e justiça. Mais uma vez, Lula escolheu o lado certo da história.