Apresentado pelo coordenador do projeto e professor Perci Coelho, da Universidade de Brasília, o programa Vida & Água para as ARIS, de 22 de agosto, recebeu Maria Luiza Pinho Pereira, da coordenação do Projeto; Maria Consolación Udri, que milita na entidade Oca do Sol; e Vera Lúcia Martins Ramos, que é aposentada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), para um bate papo sobre a contradição: “Ser cidade ou ser área rural”; e “Como surgem as ARIS nas periferias do Distrito Federal”.
A graduanda em serviço social pela Universidade de Brasília, Aline, outra convida desta edição, destaca que em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), fez uma pesquisa a respeito da questão socioambiental no processo de urbanização do DF se concentrando na realidade das ARIS para elaborar a discussão.
Segundo Aline, o processo de urbanização é definido como uma área de transição entre o rural e o urbano e é nesse contexto que nascem as ARIS. A graduanda em serviço social pela UnB diz ainda que percebeu que o processo de ocupação se consolida em uma área próxima da região administrativa de referência e entre uma área considerada rural, ou quase ultrapassando os limites de uma reserva ambiental.
Vera Lúcia Martins Ramos, aposentada do Incra destaca que durante o tempo que trabalhou no Incra, notou que a questão do campo é muito delicada, porém, importantíssima. “Existe uma luta pela terra e infelizmente em Brasília, temos uma dificuldade maior. Boa parte das áreas de latifúndio foram griladas, ou seja, foram registradas em cartório como se fosse delas, mas na verdade são da União”, esclarece.
De acordo com Vera Lúcia, essas pessoas normalmente pegam essas terras que registraram como se fosse delas e depois transformam em condomínios tornando-os, urbanos. “Além de outras atividades, o Incra tem o trabalho de descobrir aquilo que é documento falso (grilagem). O nosso papel sempre foi fazer esse enfrentamento de impedir que as pessoas usem a terra de forma especulativa”, revela.
A aposentada do Incra diz ainda que é muito importante que percebamos que o campo e a cidade não são distintas e sim complementares. “Um está ligado intrinsicamente ao outro. Um produz e o outro consome”, reforça.
Maria Consolación Udry menciona que na Serrinha do Paranoá é possível observar grupos de grilagem organizados. “Ao mesmo tempo que o governo não regulariza as terras rurais e faz vista grossa, a grilagem e a ocupação ilegal da terra acontece”, diz.
Já Maria Luiza da coordenação do projeto vida e água para Aris pontua que a responsabilidade dos moradores, militantes e professores de todos os movimentos organizados que estão nesse fio disputado pela especulação e agronegócio com aqueles que mais precisam da água, é trazer a possibilidade de pressionar os Poderes Legislativo e Executivo para que garantam melhorias para essa população.
Confira esta edição completa na íntegra: