A Funarte ganha, a partir desta quarta-feira (22/5), uma das lonas de circo mais reconhecidas da capital. O 17º Festclown reúne 30 atrações circenses locais, nacionais e internacionais em um festival que ocupa todas as unidades do Sesc na cidade, além da Funarte, do Hospital da Criança e da Escola Classe Sítio das Araucárias, em Sobradinho, na zona rural. As programações contemplam a diversidade característica do circo e vão até domingo. Todas as atividades são gratuitas, e os ingressos começam a ser distribuídos uma hora antes do início de cada espetáculo.


Ivaldo Gadelha, popularmente conhecido como Tarzan, faz parte da turma de curadores desde a primeira edição, em 2003, que teve apenas quatro grupos, e relembra a repercussão: “No ano seguinte, já não coube no Teatro Garagem, mudamos para uma lona de circo. A receptividade era sempre impressionante, o Festclown é um dos mais importantes projetos de palhaçaria da América Latina”, afirma. “Na época em que começamos o evento, a arte circense vivia um momento de manifestação artística latente espalhada pelo país e precisava de um lugar em que isso pudesse ser reunido”


Continua depois da publicidadeA expectativa de público para a edição deste ano, em cinco dias de festival, é de cerca de 40 mil pessoas. “Sempre contamos com uma presença significativa de público. São artistas, produtores, agentes culturais, uma vitrine da palhaçaria para o Brasil todo. Além dos espetáculos, temos também as atividades formativas, é um grande espaço de troca e convivência”, ressalta Ivaldo. Nas satélites, será possível assistir aos espetáculos em Taguatinga Sul e Norte, Guará, Ceilândia, Gama e Samambaia, nas unidades do Sesc.


Ivaldo destaca algumas participações, como o palhaço indígena Hotxuá, do nordeste do Tocantins. “Essa tribo tem uma relação com o riso e a alegria quase sagrada, eles acreditam no equilíbrio de forças do riso e da graça para poder dissipar ou resolver melhor conflitos e unir a comunidade”, conta. A comunidade chega a eleger um sacerdote do riso, quase como um palhaço sagrado. O grupo Lume, de pesquisa cênica da Unicamp, também marca presença. A equipe é referência e um dos principais núcleos de formação de palhaços no Brasil.


Os Parlapatões, grupo tradicional paulista, abre o festival na noite de hoje com A cabeça de Yorick, às 20h, no Teatro Plínio Marcos da Funarte. Do lado de fora, no espaço Arena, o Clowncerto fecha a primeira noite com a Orquestra de Metais e Percussão do Sesc DF, às 21h30. Nos dias seguintes, a programação se segmenta nos diferentes espaços. As três oficinas se dividem no Sesc Presidente Dutra, no Setor Comercial Sul, e na unidade da 504 sul. Os títulos são O ator na rua (ministrada pelo grupo Lume); Etc e tal (ministrada pelos cariocas do Mímica) e a Onde eu botei o meu nariz?, do grupo Marias da Graça. Interessados devem enviar nome completo, nome da oficina, telefone, RG e CPF para oficinasfestclown@gmail.com.

Atrás da maquiagem

Júlio César, o mestre palhaço Mandioca Frita, vê a família prosperar pela arte depois de ter morado na rua. Hoje, ele e os três filhos compõem a Trupe Raíz de Circo em Brasília. “Para mim, são sonhos que estão se tornando realidade. Eu morava na rua e sonhava em ter uma família, agora tenho. Agora a gente é envolvido com a arte que eu gosto tanto, eu vejo meus filhos envolvidos e isso me deixa muito feliz”, conta. Normalmente, é possível encontrá-lo nos fins de semana e feriados no Parque Ana Lídia, onde o público popularmente apelidou de Teatro Mandioca Frita. A família apresenta o espetáculo Palhaçada de Raíz na sexta, no Edusesc Samambaia, às 9h; na lona da Funarte no sábado, às 15h30 e no domingo, no Sesc Guará, às 11h.
O grupo tem enfoque especial no teatro de rua, com destaque para o resgate da cultura popular. “Somos palhaços tradicionais, com acrobacia, malabares. O espetáculo envolve também dança de rua que é uma forma de acrobacia. Também resgatamos canções de ciranda na parte musical”, conta Júlio César. Ele se apresenta ao lado dos filhos Júlia, Davi e Luana (com nomes artísticos Macaxeira, Aipim e Fóli-fóli, respectivamente). Júlio afirma também que a presença ilustre do neto pode abrilhantar alguma das apresentações.


Também originários da capital, o grupo Circênicos é uma das pratas da casa. Com 13 anos de carreira, exibem um passaporte carimbado que já passou por cerca de 40 países. “Nós desenvolvemos uma linguagem que mistura circo, teatro físico, mímica. Criamos espetáculos sem falas e conseguimos nos inserir, assim, no circuito de festivais internacionais”, conta Gabriel Marques, membro fundador do projeto. Hoje, o Circênicos pode ser considerado o grupo brasiliense de maior repercussão internacional.


No Festclown, eles apresentam a última criação, Utopia, inspirada na arquitetura e no sonho que envolve a capital federal. Duas versões diferentes serão apresentadas: uma no Sesc Ceilândia, na sexta, às 20h. Outra no sábado, na Arena da Funarte, às 18h. “Em Ceilândia, o espetáculo inclui projeção, videomapping. Já na Funarte vai ser uma versão de rua, com maior interação com o público”, explica Gabriel.

Origem dos palhaços

Além das atrações locais, o Festclown reúne três grupos de São Paulo (Parlapatões, Daniel Salvi e Grupo Lume), Rio de Janeiro (Cia. Milongas, As Marias da Graça, Cia. Flor no peito e Etc e tal), Pernambuco (Rapha Santacruz), Tocantins (Ismael Krahô), Santa Catarina (Ritalino) e Minas Gerais (Grupo Espanca).


O ator François-Guillaume Leblanc, ex-Circo de Soleil, representa o Canadá com o espetáculo Snooze, mistura de mímica e teatro físico. Ele se apresenta no sábado, às 19h, no Teatro Plínio Marcos da Funarte e no domingo, às 18h, no Teatro Sesc de Taguatinga Norte. O circo Laguz, da Argentina, apresenta a história Pedra no sapato, com dois palhaços em sequências clássicas de truques. Eles estarão no sábado, às 18h, no Teatro Sesc de Taguatinga Norte e no domingo, às 18h, no Teatro Sesc Gama.


Para finalizar as atrações internacionais, The Pambazos Bros é um grupo musical cômico formado por artistas de Uruguai, Chile, Argentina e Brasil. Eles apresentam Los pakitos cuecacuela às 22h, na sexta e no sábado, na Arena da Funarte.


17º FestclownFunarte, unidades do Sesc-DF, Hospital da Criança e Escola Classe Sítio das Araucárias. De quarta-feira a domingo. Entrada franca (na Funarte mediante doação de 1kg de alimento não perecível). Verificar classificação indicativa.Confira a programação do 17º Festclown 

Fonte: Correio Braziliense

Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco

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